segunda-feira, 11 de abril de 2011

Aos gregos o mar era violeta,

ou como a cultura constrói nossa realidade

A percepção está indissociavelmente ligada à sensação (estágio inicial de captura e codificação dos sinais físicos do ambiente) e apresenta mecanismos automáticos que não exigem esforço. Isso pode passar a idéia de que é um fato preciso e que não sofre interferências. Sendo assim, por vezes, a percepção aparenta ser um fenômeno que não apresenta grandes problemas de entendimento ao psicólogo e de que o meio cultural pouco ou nada influencia neste processo.

Para desfazermos essa idéia, basta lembrarmos que recebemos por nossos olhos imagens pequenas, distorcidas, invertidas e em um plano bidimensional, a retina. E o sinal de saída é a percepção de um mundo tridimensional com uma riqueza de cores, formas, brilho, contraste e movimento. Isso é possível, pois a percepção conta com processos de ordem superior para ser formada: relações, contexto, memória, julgamento e experiência passada. Disso já dá para se ter uma noção da influência que a cultura exerce na construção de nossa realidade. 

É importante ressaltar que olhos, nariz, pele, ouvidos, boca não se limitam apenas a registrar o que está a nossa volta. De maneira sucinta, do input sensorial, a informação do ambiente é codificada e interpretada. Isto acontece porque existe uma organização dos dados sensíveis do meio físico desde células especializadas dos diversos órgãos dos sentidos até estruturas corticais de alta complexidade. Na retina humana, por exemplo, já existem células sensíveis a movimentos, cores, intensidades de luz, faixas de freqüência espacial que enviam sinais por diferentes redes neurais a diferentes áreas corticais em velocidades diferentes. Ou seja, o estímulo luminoso já é decomposto e fragmentado na retina para ser reorganizado e reconstruído somente em áreas de associação do córtex.
                                                            
Além dessa herança de base filogenética, que assegura uma fisiologia dos órgãos do sentido que permite organizar a percepção, as influências do meio contribuem para o registro destas impressões sensoriais. Numa analogia aos computadores, podemos dizer que a base genética compõe nosso hardware e a cultura atua como um software, que forma códigos de programação possibilitados pela estrutura física. Com a diferença de que nosso software pode alterar nosso hardware (plasticidade cerebral). É como se a cultura programasse nossa percepção.

Logo, se a cultura modula nossa percepção, então o homem pode convencionar socialmente seus sentidos. Wow!!! Muito legal, mas... isso soa mais como um falso silogismo, ou em outras palavras, uma mentira daquelas! Então o objetivo deste artigo é trazer alguns exemplos da Antropologia para mostrar que isto não se trata de mentira.

Figura 1: A cultura é a lente humana. Imagem extraída do site http://paratyemfoco.com/blog/2010/05/etnofoco-interculturalidade-e-experiencia-humana/


Em todas as sociedades existe uma convenção social dos sentidos. As cores, por exemplo, para diversas culturas não coincidem. Quando o historiador Paul Veyne, especialista em história da antiguidade romana, disse que aos gregos o mar era violeta, ele não se referia a uma população inteira que não enxergava bem, mas somente que a distinção entre o verde e o azul não era nítida nos tempos de Homero. Lévi-Strauss, ao estudar os Bororós, percebeu que amarelo e vermelho, assim como o azul e o verde, correspondem a mesma categoria lingüística, denominada por cores “quentes” e cores “frias”. Os japoneses, do mesmo modo, têm apenas uma palavra para designar a parte do espectro que vai do verde ao azul: aoi. Esta simplificação em relação ao nosso modelo de cores convencionado não significa uma pobreza lingüística ou que não podem separar e distinguir mais cores. As denominações apenas refletem a necessidade cotidiana que cada cultura tem para sua vida prática e comunicação. O olho humano é capaz de perceber uma parte do continuum de ondas luminosas, o espectro, que se estende de ondas mais longas, que nós enxergamos como “violeta” até ondas curtas, que vemos como “vermelho” (Figura 2). Assim, todos os seres humanos são capazes de perceber todo o espectro de ondas luminosas pela fisiologia do seu sistema visual. Mas a necessidade de cada cultura que vai organizar um matiz de cores específico para compreensão e comunicação. 

Figura 2: Modelo esquemático do espectro visível ao olho humano. Imagem extraída do site http://sellerink.com.br/blog/series/harmonia-das-cores/

Do mesmo modo, Índios das planícies norte-americanas eram reconhecidos pelos “olhos de águia”. Mas será que a qualidade da visão superior era devido a uma acuidade visual organicamente superior? Ou porque desde quando nasciam era exigido e valorizado por seu povo a habilidade de distinguir a grandes distancias movimentos de animais ou cavaleiros por meio da poeira que de longe levantavam? 

Saindo das planícies norte-americanas para as florestas tropicais sul-americanas, encontramos os índios Tupis. Estes têm um modelo de ordenação visuoespacial diferente do nosso. Nós, que vivemos em cidades, nos orientamos por esquinas, quadrantes ou vias retas e nos encontramos totalmente perdidos em uma floresta fechada amontoada de árvores iguais que não apresenta pontos de referências. Os Tupis a vêem como um conjunto ordenado pelas mesmas árvores que são usadas como sinalizadores e referências bem definidas.

Algo semelhante acontece com populações que organizam seu espaço de modo circular ou que vivem em florestas, como os Zulus, por exemplo. Estes têm dificuldades em perceber em perspectiva geométrica linear, visto que não experienciam isto no dia-a-dia. O fato de que a percepção de perspectiva é algo influenciado pelo ambiente faz com que estas populações não sofram de ilusões geométricas (Figura 3).


Figura 3: Exemplos de ilusões geométricas. Imagens extraídas dos sites: http://www.universo42.com/curiosidades/10-iluses-de-tica-incrveis-parte-1/ e http://ensinarevt.com/ilusoes_optic/

Por enquanto nos atemos a dar exemplos utilizando a visão. Este é o sentido mais valorizado na maioria das culturas e assim o é em toda civilização ocidental moderna. Talvez fique mais evidente se ilustrarmos com exemplos de culturas em que a visão não tem tamanha proeminência, como os ilhéus andamaneses, caçadores-coletores da Índia, que elaboram um calendário olfativo em consonância com os cheiros que a natureza exala periodicamente ou os esquimós, que se orientam olfativamente em ambientes pouco definidos pela visão.  

Entre os Suyás, tribo indígena brasileira que habita o Parque Indígena do Xingu, a olfação permite grande parte da compreensão do mundo em sua cultura. Para eles, as coisas têm características de cheiro, e não o contrário, como em nossa sociedade, que tem uma pobreza semântica em relação aos odores. Ao passo que buscamos a imagem mental de uma pessoa específica quando sentimos um perfume conhecido, visualizamos uma fruta ao sentirmos seu odor ou lembramos-nos da igreja quando cheiramos incenso, os Suyá classificam o mundo sensível em cheiros: forte, acre e suave. Assim, animais carnívoros, fluidos sexuais e mulheres têm cheiro forte, que representa as coisas mais poderosas e perigosas da natureza. Já animais comestíveis e plantas medicinais são acres, que na cosmogonia Suyá representam coisas menos poderosas ou benéficas. E as coisas nem muito perigosas ou importantes são descritas pelo odor suave. 

Figura 4: Um representante da tribo dos Suyás. Imagem retirada do site http://www.achetudoeregiao.com.br/MT/querencia/Suia_Missu.htm

A cultura depende de aprendizagens que são passadas por gerações. Essas aprendizagens ajudam a codificar e interpretar o mundo. Então é de se esperar que aprendizagens individuais também realizem o mesmo processo. Cegos de nascimento operados de catarata na puberdade ao enxergar sentem uma enorme aflição. Para eles as cenas visuais não passam de borrões caóticos que não são inteligíveis num primeiro momento e que leva tempo a fazer sentido. A relação pessoal com uma classe ou modalidade de estímulos pode garantir uma experiência sensorial diferenciada em relação à acuidade dos órgãos do sentido. É isso que nos dizem os afinadores de instrumentos musicais, provadores de vinho, perfumistas, controladores de qualidade, etc.

Em resumo, as aprendizagens individuais de cada um aproveitam de maneira específica nossos sistemas sensoriais. A cultura, como guia geral de aprendizagens de cada sociedade, tem um papel importante nesta relação. Para fechar o texto e deixar esta relação clara, transcrevo o diálogo de uma fábula que está no texto de José Carlos Rodrigues, que utilizei para retirar a maioria dos exemplos e amadurecer as idéias aqui trabalhadas:

            Certa vez um camponês caminhava por uma rua movimentada na companhia de um amigo criado na cidade, quando de repente exclamou:
            _ Ouça o grilo cantando!
            O citadino nada conseguia ouvir, até que o camponês foi buscar, escondido em um buraco, o grilo que cantava.
            _ Como você pode ouvir o grilo em meio a toda esta barulheira? _perguntou o da cidade cheio de admiração.
            _ Olhe! _ respondeu o camponês deixando cair uma moeda no chão. Várias e várias pessoas se voltaram, ao ouvir o fraco ruído da moeda.
            _ Tudo depende daquilo por que a gente se interessa.


Quer baixar o texto? Clique aqui



Rui de Moraes Júnior


Para saber mais:

RODRIGUES, José Carlos. Os outros os outros. Em: Antropologia e comunicação: princípios radicais. Rio de Janeiro: Espaço e Tempo, 1989. p. 130 a 138.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Psicofísica Clássica III – Métodos Clássicos

A Psicofísica é o estudo quantitativo da relação entre a estimulação física e a resposta sensorial.  O seu desenvolvimento deve muito às investigações de Ernst Heinrich Weber (1795-1878)  e Gustav Theodor Fechner (1801-1887). Este último em seu livro “Elemente der Psychophysik” (1860) cunhou o termo e expôs os fundamentos teóricos e práticos da Psicofísica. A abordagem matemática a um assunto antes restrito à especulação metafísica fez com que a Psicologia adquirisse status de ciência. Tudo bem, mas como se faz uma pesquisa em Psicofísica? Há algum método experimental a seguir? Se você voltar poucas linhas acima, verá que está escrito “fundamentos teóricos e práticos da Psicofísica”!
Isso mesmo, Fechner em seu livro não se limitou a construir um arcabouço teórico sólido. Ele também descreveu três métodos experimentais, os quais foram utilizados para verificar a validade de suas hipóteses ao obter o Limiar Diferencial  e o Limiar Absoluto. Dado o seu valor histórico, esses métodos são conhecidos como Métodos Clássicos.  Eles ainda hoje são utilizados por pesquisadores, especialmente para determinar quão sensível somos para julgar propriedades de um objeto (tamanho, forma, posição, movimento, etc.).
É importante ressaltar, que independente do método, o cálculo do limiar absoluto e do limiar diferencial envolve a realização de várias medidas. Mas porque são necessárias tantas repetições? A medida de um limiar refere-se a um estado momentâneo e por isso varia, não é uma magnitude constante. Assim, são feitas muitas medições para minimizar essas variações causadas por fatores como a excitabilidade dos receptores sensoriais, fadiga, distração e outros. A partir destas medidas, calcula-se um valor probabilístico para o limiar.
Para não aborrecê-lo com muita matemática e números, farei uma breve descrição e uma análise crítica destes métodos. Se você quiser e precisar, há bons livros e um excelente material escrito pelos professores José Aparecido da Silva e Reinier Johannes Antonius Rozestraten (1924-2008) aqui para se aprofundar sobre os cálculos do limiar diferencial e absoluto.
Vamos começar com o Método do Ajuste, ou método do erro médio, ou da igualação, ou de reprodução. Este método foi elaborado em 1850 por Fechner e Alfred Wilhelm Volkmann (1801-1877), professor na Universidade de Leipzig, mesma Universidade em que Fechner havia sido professor. O curioso é que a relação entre eles não era apenas profissional. Fechner era casado com a irmã de Volkmann, Clara Maria.
O método tem esse nome porque é o próprio participante quem ajusta a intensidade do estímulo físico. Para o cálculo do limiar absoluto, o experimentador fornece um valor abaixo do limiar e o participante aumenta-o até que consiga percebê-lo (série ascendente) ou então a partir de um valor acima do limiar deve diminuí-lo até parar de notá-lo (série descendente).
Já para o cálculo do limiar diferencial, dois estímulos são apresentados,um o de comparação e outro o padrão1. O estímulo de comparação pode ser maior (série descendente) ou menor (série ascendente) que o estímulo padrão e a tarefa do participante é ajustar o de comparação até igualá-lo ao padrão.
Este método tem a grande vantagem de ser de rápida aplicação já que os limiares são encontrados após poucas tentativas, sendo muito indicado para estímulos contínuos (por exemplo, o som). É claro que nem tudo é perfeito. Este método recebe críticas, porque os limiares serão dependentes da sensibilidade do equipamento utilizado para ajustar os estímulos e pela ocorrência de um erro temporal constante. Este último é um erro sistemático nos julgamentos, que pode ocorrer na obtenção do limiar diferencial, quando o estímulo padrão sempre antecede o de comparação. Neste caso, o estímulo de comparação sempre parece maior que o padrão. Isso pode ser evitado apresentando os estímulos em ordem aleatória2.
Nem só de limiares vive a Psicofísica. Este método é muito utilizado para o estudo de ilusões, o que nos permite entender as propriedades e o funcionamento do sistema visual humano. Um bom exemplo é a ilusão de Müller-Lyer. Nesta ilusão, duas linhas de mesmo tamanho aparentam ser diferentes em função da maneira como as setas em suas extremidades estão dispostas, se para dentro ou para fora.
Fig 1. Ilusão de Müller-Lyer. Entre as 3 setas superiores (totalmente negras), o segmento de linha da seta do meio é percebida como maior que as outras duas, o efeito é maior em relação à de cima. Nas 3 setas inferiores (com as linhas em vermelho) pode-se verificar que os segmentos de linha tem o mesmo tamanho. (Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/M%C3%BCller-Lyer_illusion)

Em um experimento com o método dos ajustes, pode-se pedir ao participante para manipular o tamanho das linhas até que pareçam ter o mesmo tamanho. Que tal testar isso? Você pode provar e verificar a magnitude da ilusão a partir de seus próprios ajustes aqui.
O segundo método descrito por Fechner é o Método dos Limites, também conhecido como método de estímulo ou de diferenças apenas perceptíveis ou de exploração seriada, ainda com uma variante, o método de séries plenas e ordenadas. A principal diferença em relação ao Método do Ajuste, é que neste método o pesquisador é quem manipula a intensidade dos estímulos. Assim, o observador deve emitir seus julgamentos, indicando se percebe ou não o estímulo (para obter o limiar absoluto) ou se o estímulo de comparação é maior ou menor que o padrão (para o cálculo do limiar diferencial).
Este método tem a vantagem de ser bastante flexível, podendo ser aplicado em diversas situações, porém não está isento de problemas. O primeiro é o chamado erro de estímulo, o qual ocorre quando os participantes tentam “acertar” a resposta. Isto é, os observadores fazem correções de acordo ao que seria esperado na realidade física. Assim, um julgamento que deveria ser sensorial, torna-se objetivo. Além desse erro, pode-se apontar outros dois: erro pela habituação e o erro pela expectativa. O primeiro é a tendência dos participantes em darem a mesma resposta após um tempo decorrido do experimento; e o segundo é a evidência de que observador começa a prever a localização do limiar e assim muda seu julgamento antecipadamente.
Por último temos o Método dos Estímulos Constantes, ou método dos casos falsos e verdadeiros, ou das freqüências ou das diferenças de estímulo constante. Algumas fontes apontam Karl Von Vierordt (1818-1884) e outras Friedrich Hegelmaier (1833-1906) como o primeiro a utilizar este método, ambos em 1852. Independente disto, Fechner fez aportes a este método e o descreveu em seu livro.
O método consiste na apresentação de uma série de estímulos, em geral de 5 a 9, os quais são repetidos muitas vezes. Há um consenso de que devem ser repetidos no mínimo 20 vezes, embora alguns autores defendam até 50 apresentações de cada estímulo ou par deles.  Diferentemente do Método dos Limites, no qual estímulos são apresentados em ordem (ascendente ou descendente), no Método dos Estímulos Constantes a apresentação é aleatória. Isso evita os erros por habituação e por expectativa. Após cada apresentação, o observador deve indicar se o estímulo foi percebido ou não (limiar absoluto) ou se sua intensidade foi maior ou menor do que a do estímulo padrão (limiar diferencial).
Ele é de fácil aplicação, além de ser o mais exato para a obtenção dos limiares devido ao grande número de ensaios realizados. Por outro lado, daí advém seu principal problema: a ocorrência de erros de julgamento por cansaço, falta de motivação e etc., dada a grande duração dos experimentos. Isso pode ser minimizado com pausas programadas, de modo que o participante possa descansar. Estas e outras questões referentes ao Método dos Estímulos Constantes serão aprofundadas em um próximo texto, no qual também será apresentado o Método das Escadas Duplas. Ambos merecem uma análise mais detalhada, pois são os métodos mais ampla e atualmente empregados em pesquisas.
Enfim, há mais de um século os Métodos Clássicos são utilizados e com eles muito foi descoberto. No decorrer deste tempo, eles foram criticados e surgiram soluções, foram modificados e também outros métodos foram desenvolvidos. É claro que pontos muito importantes não foram abordados aqui, por exemplo, como calcular os limiares e outros parâmetros. Agora é com você, continue estudando. Há muito que se investigar!

Quer baixar o texto? Clique aqui.


Nota
1 – No cálculo do limiar diferencial, dois estímulos são apresentados em sucessão ou simultaneamente. Um deles é fixo, constante, conhecido como Estímulo Padrão, St na abreviatura em inglês (Standard Stimulus). O outro é variável, assumindo diferentes valores acima e abaixo do estímulo padrão, conhecido como Estímulo de Comparação ou teste, abreviatura em inglês Cs (Comparison Stimulus)
2 - Este tipo de erro pode acontecer também com a apresentação simultânea do estímulo padrão e do estímulo de comparação. Se a posição deles é fixa, por exemplo se o estímulo padrão sempre é apresentado à esquerda ou acima em relação ao de comparação, se observará um erro constante. Por isso é importante variar a posição de apresentação dos estímulos.



Leonardo Gomes Bernardino
_______________________________________________________________

Gostou? Quer ler mais? 
  • Ehrenstein, W. H.; Ehrenstein, A. (1999). Psychophysical Methods. In: U. Windhorst; H. Johansson, Modern Techniques in Neuroscience Research. Berlin: Springer.
  • Schiffman, H. R. (2005) Psicofísica. In: H. R. Schiffman, Sensação e Percepção (pp. 17-33). Rio de Janeiro: LTC.