domingo, 22 de julho de 2012

Atenção

Preste atenção!!!


Você está andando pela rua tranquilamente sem olhar para alguma loja específica. De repente seu olhar é atraído para uma vitrine. Ou então, você está num bar assistindo a um jogo de futebol e, de repente, seu olhar sai da TV e segue alguém ou algum objeto.

O que atraiu seu olhar para esta vitrine? O que atraiu seu olhar para fora da TV? Por que isso aconteceu? Qual o fenômeno mental que faz com que sejamos atraídos para algumas coisas?

O fenômeno por trás desta seleção da informação ambiental é a atenção. Todo mundo tem noção do que ela é. Mas uma das melhores definições é a do psicólogo William James (1842-1910). Ele diz que a atenção “...implica na retirada de algumas coisas a fim de lidar efetivamente com outras”.

Figura 1. William James. Um dos grandes nomes dentro da psicologia. Fonte: Wikipedia.

Em outras palavras, a atenção direciona nossos recursos sensoriais e cognitivos para processar melhor alguma parte ou objeto do ambiente. Milhões de cones e bastonetes são estimulados quando olhamos para uma paisagem. Engenhosamente o sistema visual não irá processar toda a informação que chega. Ele já começa a “filtrar” ou selecionar a informação a partir da retina. Fazemos isto colocando o objeto que queremos ver em foco, o direcionando para a fóvea. Esta parte da retina processa a informação em detalhes e cores (leia mais aqui). Na retina a fóvea recebe um processamento desproporcional em relação ao que esta fora dela, causando uma “magnificação” da informação no cérebro.

Difícil? Em outras palavras, colocamos os objetos na fóvea porque o cérebro irá processar a informação para a qual é melhor equipado! A atenção foi, e ainda é, um modo eficaz de nosso cérebro poupar energia e não se sobrecarregar, tendo desta forma um grande valor evolutivo para a nossa espécie. Como perceberam, vamos nos focar na atenção visual, mas ela acontece para os outros sentidos também.

O que mais chama atenção no nosso sistema visual é a saliência do ambiente ou dos objetos. Esta saliência é a característica física, como cor, brilho, contraste ou orientação, que se destacam. As áreas com alta saliência são facilmente notadas, veja a figura abaixo para entender melhor.

Figura 2. Cena do filme Irreversível. Nesta cena temos várias características uniformes. Por isso a figura da mulher em seu vestido champagne (ou pérola) se destaca do fundo e chama nossa atenção. Isto é a saliência. Fonte: AdoroCinema. 

A atenção possui algumas características ou subdivisões da atenção. Uma das mais conhecidas é a atenção dividida.

A atenção dividida nada mais é que prestar atenção a diferentes coisas ao mesmo tempo. Ela limita sua capacidade de processar as informações quando o mesmo sistema é dividido. Por exemplo, você pode ler este texto enquanto ouve música, mas não conseguirá dirigir e ler porque ambas as atividades requerem o mesmo sistema (o visual, no caso). Isto parece óbvio, mas imagine quantas pessoas você já viu no trânsito dirigindo e respondendo SMS no celular...

Figura 3. Lemmy Kilmister, baixista e vocalista do grupo Motörhead. Assim como Lemmy, vários músicos têm que dividir seus recursos atentivos entre cantar e tocar o instrumento. Fonte: Digformusic. 

A contraparte da atenção dividida é a atenção seletiva. Ela é o foco que você dá em objetos específicos enquanto ignora outros. Um exemplo clássico é o do vídeo abaixo. Mesmo se achar que conhece o efeito, assista: